terça-feira, 22 de março de 2016

SANTA INQUISIÇÃO!


Na caça às bruxas da Inquisição medieval, você era obrigado a confessar o que você não era tanto quanto o que você era.

No fervor patriótico de Bush contra o Iraque, você era obrigado a pendurar uma bandeirinha americana em casa sob o risco de ser taxado de antiamericano.

Essa confissão histriônica carrega uma outra, a confissão tácita.

No Brasil as coisas também estão assim, dependendo do que vai dizer, você tem que confessar antes "não sou governista".

Numa sociedade com ranços autoritários como a nossa, ou se é uma coisa, ou se é outra. Por isso nossa imprensa sorrateiramente divide o país entre "pró" e "contra" o governo.

Numa sociedade da vigilância, a confissão é mais que necessária.

Portanto, comfesso: não sou governista, nem lulista, nem petista!

E como "não governista", eu pergunto:

O que distingue o direito da barbárie?
O direito do Big Brother?
O direito da arbitrariedade?
O direito da vingança?
O direito da opinião pública?
O direito da prova ilícita?

A justiça é sim um dos pilares do estado democrático de direito.

Por isso, toda arbitrariedade assusta, seja contra quem for.

Nesse torpor em que vivemos, vamos lasseando os contornos dessa democracia. A coisa é sutil. A sutileza é tanta que quando fica flagrante nem nos damos conta.

Aí então a encurralamos: ou é faz-se "justiça" ou defende-se o estado democrático de direito. Quando se opta pela primeira opção em detrimento da segunda, faz uma exceção, ou seja, defendemos a democracia antidemocraticamente. Cria-se assim o Estado de exceção.

Mas nós, na nossa sede de vingança, nem sequer percebemos que a criança está sendo jogada fora com a água da bacia. O que era para percebermos, não percebemos.

Mas quem se importa? Se os fins justificam os meios, quem se importa?

A busca pela justiça só é busca pela justiça se for justa.

Fora isso, cada povo tem a Inquisição que merece.

Dilson Cunha
22.03.16

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=880381225404040&set=a.419744141467753.1073741834.100002965120447&type=3&theater


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SANTA INQUISIÇÃO!


Na caça às bruxas da Inquisição medieval, você era obrigado a confessar o que você não era tanto quanto o que você era.

No fervor patriótico de Bush contra o Iraque, você era obrigado a pendurar uma bandeirinha americana em casa sob o risco de ser taxado de antiamericano.

Essa confissão histriônica carrega uma outra, a confissão tácita.

No Brasil as coisas também estão assim, dependendo do que vai dizer, você tem que confessar antes "não sou governista".

Numa sociedade com ranços autoritários como a nossa, ou se é uma coisa, ou se é outra. Por isso nossa imprensa sorrateiramente divide o país entre "pró" e "contra" o governo.

Numa sociedade da vigilância, a confissão é mais que necessária.

Portanto, comfesso: não sou governista, nem lulista, nem petista!

E como "não governista", eu pergunto:

O que distingue o direito da barbárie?
O direito do Big Brother?
O direito da arbitrariedade?
O direito da vingança?
O direito da opinião pública?
O direito da prova ilícita?

A justiça é sim um dos pilares do estado democrático de direito.

Por isso, toda arbitrariedade assusta, seja contra quem for.

Nesse torpor em que vivemos, vamos lasseando os contornos dessa democracia. A coisa é sutil. A sutileza é tanta que quando fica flagrante nem nos damos conta.

Aí então a encurralamos: ou é faz-se "justiça" ou defende-se o estado democrático de direito. Quando se opta pela primeira opção em detrimento da segunda, faz uma exceção, ou seja, defendemos a democracia antidemocraticamente. Cria-se assim o Estado de exceção.

Mas nós, na nossa sede de vingança, nem sequer percebemos que a criança está sendo jogada fora com a água da bacia. O que era para percebermos, não percebemos.

Mas quem se importa? Se os fins justificam os meios, quem se importa?

A busca pela justiça só é busca pela justiça se for justa.

Fora isso, cada povo tem a Inquisição que merece.

Dilson Cunha
22.03.16

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=880381225404040&set=a.419744141467753.1073741834.100002965120447&type=3&theater