sábado, 2 de agosto de 2014

A culpa é toda dele!



Depois de um evento tão impactante como o que assistimos pela TV paranaense a respeito do menino, filmado no zoológico pelo pai, correndo em frente a um tigre e se arriscando... até ter seu braço amputado após o ataque do animal, fico imaginando algumas implicações a respeito de meus próprios atos...
Quantas vezes brinco com o que devo deixar quieto, persisto em situações que não deveriam mais ocupar meu tempo e esforço... continuo me arriscando junto a pessoas que mais fazem mal do que bem ao me expôr, condenar, tentar medir minha 'espiritualidade' sem o menor conhecimento de causa, muito menos conhecimento da minha pessoa?
Quantas vezes, após ser ferida, maltratada, supostamente injustiçada, aponto o dedo sem o mínimo de hesitação, gritando:
'A culpa é do DIabo!', 'Foi o demônio!', 'Foi o outro que começou, que me atacou!'
'A culpa é dele, toda dele!'
E, ao gritar, nem me passa pela cabeça as horas em que me deleitei montando o cenário para que o desastre acontecesse, como que correndo em frente a um tigre faminto, sendo assistida por quem me ama, agindo inconsequente e sem nenhum tipo de aviso ou cuidado de quem talvez tenha mais experiência.
Fácil é agora querer sacrificar o tigre, querer exorcizar o demônio, culpa o diabo e criar toda a personificação da maldade necessária a fim de me isentar da responsabilidade por meus próprios atos.
Fácil é afirmar que foi só uma brincadeira, que o outro não precisava ter reagido como lhe é natural, que o outro é que deveria medir suas palavras e atitudes... quando comigo... foi só brincadeira.
Fácil é querer crucificar o outro e não a nossos próprios instintos zombeteiros para com o perigo, nossa autossuficiência e nosso suposto 'domínio da situação'.
Fácil é assistir de camarote enquanto o outro se arrisca... e ainda chamar gente prá comentar a cena, expondo e transformando a inconsequência alheia num espetáculo de circo.
Fácil é comentar com terceiros a respeito do que consideramos errado no outro, sem nem ao menos nos darmos ao trabalho de ir diretamente à pessoa e avisá-la do perigo.
Por isso, fácil é matar o tigre e botar panos quentes na consciência, enquanto se obriga a viver amputado de vigor e confiança na vida.
Afinal, a culpa é do diabo, é ele que merece o inferno - não eu - não é verdade?

Angela Natel - 02/08/2014

@AngelNN #weareallbitches #unapologeticbitch #SorryNotSorry

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A culpa é toda dele!



Depois de um evento tão impactante como o que assistimos pela TV paranaense a respeito do menino, filmado no zoológico pelo pai, correndo em frente a um tigre e se arriscando... até ter seu braço amputado após o ataque do animal, fico imaginando algumas implicações a respeito de meus próprios atos...
Quantas vezes brinco com o que devo deixar quieto, persisto em situações que não deveriam mais ocupar meu tempo e esforço... continuo me arriscando junto a pessoas que mais fazem mal do que bem ao me expôr, condenar, tentar medir minha 'espiritualidade' sem o menor conhecimento de causa, muito menos conhecimento da minha pessoa?
Quantas vezes, após ser ferida, maltratada, supostamente injustiçada, aponto o dedo sem o mínimo de hesitação, gritando:
'A culpa é do DIabo!', 'Foi o demônio!', 'Foi o outro que começou, que me atacou!'
'A culpa é dele, toda dele!'
E, ao gritar, nem me passa pela cabeça as horas em que me deleitei montando o cenário para que o desastre acontecesse, como que correndo em frente a um tigre faminto, sendo assistida por quem me ama, agindo inconsequente e sem nenhum tipo de aviso ou cuidado de quem talvez tenha mais experiência.
Fácil é agora querer sacrificar o tigre, querer exorcizar o demônio, culpa o diabo e criar toda a personificação da maldade necessária a fim de me isentar da responsabilidade por meus próprios atos.
Fácil é afirmar que foi só uma brincadeira, que o outro não precisava ter reagido como lhe é natural, que o outro é que deveria medir suas palavras e atitudes... quando comigo... foi só brincadeira.
Fácil é querer crucificar o outro e não a nossos próprios instintos zombeteiros para com o perigo, nossa autossuficiência e nosso suposto 'domínio da situação'.
Fácil é assistir de camarote enquanto o outro se arrisca... e ainda chamar gente prá comentar a cena, expondo e transformando a inconsequência alheia num espetáculo de circo.
Fácil é comentar com terceiros a respeito do que consideramos errado no outro, sem nem ao menos nos darmos ao trabalho de ir diretamente à pessoa e avisá-la do perigo.
Por isso, fácil é matar o tigre e botar panos quentes na consciência, enquanto se obriga a viver amputado de vigor e confiança na vida.
Afinal, a culpa é do diabo, é ele que merece o inferno - não eu - não é verdade?

Angela Natel - 02/08/2014

@AngelNN #weareallbitches #unapologeticbitch #SorryNotSorry