sábado, 21 de janeiro de 2012

Vada a bordo, cazzo!




Uma ordem da conversa entre o capitão da Guarda Costeira de Livorno, Gregorio Di Falco, e comandante do navio Costa Concordia, Francisco Schettino, durante o naufrágio da embarcação na sexta-feira (13 de janeiro de 2012) virou bordão de camisetas.
Após a discussão ser revelada na terça, apareceram nesta quarta-feira na internet imagens de pessoas na Itália usando camisetas com a frase “Vada a bordo, cazzo!”.
A camiseta com a expressão, que em português significa “Volte a bordo, caralho”, foi vista na cidade de Nápoles. A expressão ainda apareceu entre uma das mais comentadas no microblog Twitter.
“Cazzo” é um palavrão em italiano que faz referência ao órgão sexual masculino, mas que é mais comumente usado como interjeição para enfatizar uma ideia no final de frases, assim como “porra” no Brasil.

Mas o que essa expressão pode nos ensinar? Quando vi essa camiseta pela primeira vez, me vi desafiada pelo bordão. O que estou fazendo onde estou? Me vi alienada em meus afazeres, minhas preocupações pessoais, interesses, confortos, conveniências, programas e diversões que me tiram da responsabilidade para com a vida alheia.
Afinal, o que eu tenho a ver com isso? Que afundem! 
Mas a voz do Capitão da Guarda Costeira soou mais longe do que ele poderia imaginar. Volte a bordo!  - foi o que eu ouvi, volte à realidade, à responsabilidade, volte e se importe, ajude, faça alguma coisa por aqueles que estão precisando, morrendo, sofrendo.

Você pode pensar que não tem nada a ver, nada que lhe diga respeito, mas com certeza não pode negar que há pessoas por perto que precisam de ajuda. Não temos todas as respostas, nem todos os recursos, mas esperar que o governo ou outros façam não nos isenta da responsabilidade de ir à bordo e estender a mão, repartindo o pouco que temos, dando um abraço, oferecendo um pouco do tempo que passamos na internet para ouvir aqueles que não tem ninguém - ah, isso faz uma enorme diferença. 
Por isso, queridos, vamos à bordo, deixemos nosso comodismo, nossa mediocridade. É tempo de voltarmos de nosso egoísmo para a misericórdia e a justiça. Fácil é condenar Francisco Schettino por não ter voltado para socorrer as pessoas do navio quando, na verdade, temos a mesma atitude todos os dias da nossa vida.

Angela Natel - 19/01/2012

Um comentário:

Robson Freire disse...

Eu soube do corrido ontem a noite vendo um tele-jornal e me chamou atenção toda a repercussão com a atitude do capitão. Sua reflexão nos leva além a nos perguntar nossas atitudes diante da realidade cotidiana e nossa fuga dela. Obrigado!

Vada a bordo, cazzo!




Uma ordem da conversa entre o capitão da Guarda Costeira de Livorno, Gregorio Di Falco, e comandante do navio Costa Concordia, Francisco Schettino, durante o naufrágio da embarcação na sexta-feira (13 de janeiro de 2012) virou bordão de camisetas.
Após a discussão ser revelada na terça, apareceram nesta quarta-feira na internet imagens de pessoas na Itália usando camisetas com a frase “Vada a bordo, cazzo!”.
A camiseta com a expressão, que em português significa “Volte a bordo, caralho”, foi vista na cidade de Nápoles. A expressão ainda apareceu entre uma das mais comentadas no microblog Twitter.
“Cazzo” é um palavrão em italiano que faz referência ao órgão sexual masculino, mas que é mais comumente usado como interjeição para enfatizar uma ideia no final de frases, assim como “porra” no Brasil.

Mas o que essa expressão pode nos ensinar? Quando vi essa camiseta pela primeira vez, me vi desafiada pelo bordão. O que estou fazendo onde estou? Me vi alienada em meus afazeres, minhas preocupações pessoais, interesses, confortos, conveniências, programas e diversões que me tiram da responsabilidade para com a vida alheia.
Afinal, o que eu tenho a ver com isso? Que afundem! 
Mas a voz do Capitão da Guarda Costeira soou mais longe do que ele poderia imaginar. Volte a bordo!  - foi o que eu ouvi, volte à realidade, à responsabilidade, volte e se importe, ajude, faça alguma coisa por aqueles que estão precisando, morrendo, sofrendo.

Você pode pensar que não tem nada a ver, nada que lhe diga respeito, mas com certeza não pode negar que há pessoas por perto que precisam de ajuda. Não temos todas as respostas, nem todos os recursos, mas esperar que o governo ou outros façam não nos isenta da responsabilidade de ir à bordo e estender a mão, repartindo o pouco que temos, dando um abraço, oferecendo um pouco do tempo que passamos na internet para ouvir aqueles que não tem ninguém - ah, isso faz uma enorme diferença. 
Por isso, queridos, vamos à bordo, deixemos nosso comodismo, nossa mediocridade. É tempo de voltarmos de nosso egoísmo para a misericórdia e a justiça. Fácil é condenar Francisco Schettino por não ter voltado para socorrer as pessoas do navio quando, na verdade, temos a mesma atitude todos os dias da nossa vida.

Angela Natel - 19/01/2012