domingo, 18 de setembro de 2011

Desculpas




Poupe a sua desculpa
Uma coisa que eu não preciso são mais desculpas.
Eu tenho a minha desculpa recebida na porta da frente
Você pode ficar com a sua.
Tenho que me livrar delas.
Não posso nem chegar ao meu guarda-roupa
De tantas desculpas.
Quer saber?
Vou colocar um cartaz.
Um cartaz na porta. Melhor ainda, mensagem de voz.
A minha mensagem de voz:
‘Se me ligou para pedir desculpas,
Ligue para outro
Porque eu não as uso mais’
Vai deixar: Sinto muito, não era a minha intenção
E como poderia saber sobre isso?
Ir à pé por uma rua escura e mofada do Brooklyn, Carl?
Bem, vou fazer exatamente o que eu quero
E não vou me arrepender de nada disso.
Vamos presumir que o arrependimento acalma a alma.
Vou acalmar a minha.
Sabe, você sempre foi incoerente
Fazendo as coisas e depois dizer que sente,
Pulsando o coração até a morte,
Falando sobre suas desculpas.
Sim, bem, não vou chamá-lo.
Não serei gentil.
Vou levantar a minha voz,
Vou gritar, berrar,
Vou quebrar as coisas,
Aumentarei o ronco do motor e contarei os seus segredos
Sobre você na sua cara
 E eu não vou me arrepender de nada disso.
Eu te amava mesmo.
Eu estava mesmo entregue.
Nem mesmo estou arrependida de você estar arrependido.
Você pode levar toda a sua culpa e toda a sua sujeira
E fazer o que quiser com ela
Só não dá para mim
Não posso ter outra desculpa.
Da próxima vez, Carl, admita
Admita que esteja mal
Admita que seja mal
Que você é baixo, insignificante e desprezível
E se não consegue se endireitar
Em vez de lamentar
Alegre-se de ser você mesmo
Quando eu voltar quero que tenha partido
E leve seu HIV com você.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Jo, cujo marido a traía com outros homens e lhe transmitiu o vírus HIV)

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Desculpas




Poupe a sua desculpa
Uma coisa que eu não preciso são mais desculpas.
Eu tenho a minha desculpa recebida na porta da frente
Você pode ficar com a sua.
Tenho que me livrar delas.
Não posso nem chegar ao meu guarda-roupa
De tantas desculpas.
Quer saber?
Vou colocar um cartaz.
Um cartaz na porta. Melhor ainda, mensagem de voz.
A minha mensagem de voz:
‘Se me ligou para pedir desculpas,
Ligue para outro
Porque eu não as uso mais’
Vai deixar: Sinto muito, não era a minha intenção
E como poderia saber sobre isso?
Ir à pé por uma rua escura e mofada do Brooklyn, Carl?
Bem, vou fazer exatamente o que eu quero
E não vou me arrepender de nada disso.
Vamos presumir que o arrependimento acalma a alma.
Vou acalmar a minha.
Sabe, você sempre foi incoerente
Fazendo as coisas e depois dizer que sente,
Pulsando o coração até a morte,
Falando sobre suas desculpas.
Sim, bem, não vou chamá-lo.
Não serei gentil.
Vou levantar a minha voz,
Vou gritar, berrar,
Vou quebrar as coisas,
Aumentarei o ronco do motor e contarei os seus segredos
Sobre você na sua cara
 E eu não vou me arrepender de nada disso.
Eu te amava mesmo.
Eu estava mesmo entregue.
Nem mesmo estou arrependida de você estar arrependido.
Você pode levar toda a sua culpa e toda a sua sujeira
E fazer o que quiser com ela
Só não dá para mim
Não posso ter outra desculpa.
Da próxima vez, Carl, admita
Admita que esteja mal
Admita que seja mal
Que você é baixo, insignificante e desprezível
E se não consegue se endireitar
Em vez de lamentar
Alegre-se de ser você mesmo
Quando eu voltar quero que tenha partido
E leve seu HIV com você.

(For Colored Girls, ‘Para garotas negras que já pensaram em suicídio’, depoimento de Jo, cujo marido a traía com outros homens e lhe transmitiu o vírus HIV)