quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Buscando um diagnóstico


18/06/05

A T. marcou para eu ir a uma psicóloga cristã que se dispôs a atender os missionários gratuitamente aos sábados. A S. também ía e eu fui com ela. Como era minha primeira vez com uma psicóloga fiquei apreensiva. Sempre relutei contra esse tipo de tratamento aos problemas da vida, e lá estava eu, esperando para ter uma sessão.

F. é uma pessoa muito querida, que transmite confiança, além de ser afetuosa e interessada em ajudar. Mesmo assim, hoje percebo o quanto isso pode ser enganoso no que tange ao diagnóstico, pois a situação em si já nos sugestiona algumas coisas.

Como era uma sessão com psicóloga, desatei a contar todos os dramas da minha vida, em detalhes, como num desabafo desenfreado, sem medir muito as palavras. Depois de quase uma hora, ela aplicou-me um teste emocional, cujo resultado apontou para uma depressão grave. Fiquei assustada e cheia de auto comiseração, além de fazer a besteira (prá variar) de espalhar para todos a situação.


25/06/05

Passei toda a manhã com o A., enquanto ele arrumava suas coisas para a viagem. Fiquei a observá-lo, percebê-lo, como nunca antes, e me peguei a imaginar como seria não tê-lo conhecido, que diferença isso faria em minha vida. Enquanto isso, tocava no laptop dele o cd da Vanessa Pinheiro. Num determinado momento, tocava uma uma das músicas dela quando o A. me disse: “Você está prestando atenção na letra dessa música? Eu acho que ela é perfeita para este momento.” – nós estávamos a sós, então ouvi...

“Ponto final (Vanessa Pinheiro / Mário Jovita)

Não vou insistir

Ficar implorando

Um carinho teu

Se até o olhar

Estás me negando

Prá que me iludir

Ficar escondendo

Do meu coração

Que o teu amor

Está morrendo

É tão difícil aceitar

Que o jogo acabou

E não deu prá virar

Dói mas preciso entender

Que é melhor para mim

Te esquecer

Não vou mais penar

E ficar chorando

Pois aquela dor

Já desbotou

Vai se apagando

Por que me culpar

E ficar sofrendo?

Tenho que encontrar

Um novo amor

Seguir vivendo

E quando olhar para trás

Ver que o filme foi bom

Mas saiu de cartaz

Vou me lembrar de nós dois

Como um sonho feliz

Que passou.”

O que eu poderia pensar? – foi uma loucura. Fiquei tentando entender, pensar no que dizer, mas não consegui dizer nada. E, quando fui com a L. levar o A.na rodoferroviária, fui a última a me despedir dele, e não consegui segurar as lágrimas, ao ouvir as palavras de ânimo e consolo ainda em seus lábios. Sim, foi um sonho feliz, que passou...

Hoje me arrependo do dia em que pedi ajuda para a T., me arrependo de ter ido a uma sessão com a psicóloga e, principalmente, por ter feito a besteira de confiar em meus colegas, contando-lhes os resultados disso.

Na segunda sessão, após uma dolorosa despedida do A, chorei, desabafei mais um pouco, e compartilhei o cansaço físico que venho sentindo. Nem pensei em comentar que sempre tenho ótimas noites de sono e que nem malária tira o meu apetite. Prá quê? Pois bem, a psicóloga comentou que é necessário eu procurar ajuda psiquiátrica e a possibilidade do uso de algum tipo de medicação.

Novamente fiz a besteira de comentar isso com o pessoal da missão, e só agora me dei conta da prisão na qual me enfiei. Depois de meses sem ler a Bíblia e sem meditar da Palavra de Deus, devendo um monte e sem um tostão na carteira, em pleno fim de curso e recém chegada à missão, de que jeito querem que eu fique? Tranquila, descansada? E ainda ouço o W. me dizendo que se eu negar o tratamento aí é que a diretoria vai dizer que tenho problemas mesmo. Ter pavio curto é doença? Penso que não. E para ser bem sincera, tem gente bem mais doida que eu neste lugar, que não mede atitudes nem palavras para prejudicar propositadamente os outros, isso sim é doença!

O que fazer, Pai? Como sair da situação que eu mesma me enfiei?

Como cumprir o que o Senhor determinou para mim, sem mais envergonhar o Teu Santo Nome? Por favor, Pai, glorifica o Teu nome em minha vida, não permita que eu permaneça longe de Ti, sem esperança e sem socorro.


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Buscando um diagnóstico


18/06/05

A T. marcou para eu ir a uma psicóloga cristã que se dispôs a atender os missionários gratuitamente aos sábados. A S. também ía e eu fui com ela. Como era minha primeira vez com uma psicóloga fiquei apreensiva. Sempre relutei contra esse tipo de tratamento aos problemas da vida, e lá estava eu, esperando para ter uma sessão.

F. é uma pessoa muito querida, que transmite confiança, além de ser afetuosa e interessada em ajudar. Mesmo assim, hoje percebo o quanto isso pode ser enganoso no que tange ao diagnóstico, pois a situação em si já nos sugestiona algumas coisas.

Como era uma sessão com psicóloga, desatei a contar todos os dramas da minha vida, em detalhes, como num desabafo desenfreado, sem medir muito as palavras. Depois de quase uma hora, ela aplicou-me um teste emocional, cujo resultado apontou para uma depressão grave. Fiquei assustada e cheia de auto comiseração, além de fazer a besteira (prá variar) de espalhar para todos a situação.


25/06/05

Passei toda a manhã com o A., enquanto ele arrumava suas coisas para a viagem. Fiquei a observá-lo, percebê-lo, como nunca antes, e me peguei a imaginar como seria não tê-lo conhecido, que diferença isso faria em minha vida. Enquanto isso, tocava no laptop dele o cd da Vanessa Pinheiro. Num determinado momento, tocava uma uma das músicas dela quando o A. me disse: “Você está prestando atenção na letra dessa música? Eu acho que ela é perfeita para este momento.” – nós estávamos a sós, então ouvi...

“Ponto final (Vanessa Pinheiro / Mário Jovita)

Não vou insistir

Ficar implorando

Um carinho teu

Se até o olhar

Estás me negando

Prá que me iludir

Ficar escondendo

Do meu coração

Que o teu amor

Está morrendo

É tão difícil aceitar

Que o jogo acabou

E não deu prá virar

Dói mas preciso entender

Que é melhor para mim

Te esquecer

Não vou mais penar

E ficar chorando

Pois aquela dor

Já desbotou

Vai se apagando

Por que me culpar

E ficar sofrendo?

Tenho que encontrar

Um novo amor

Seguir vivendo

E quando olhar para trás

Ver que o filme foi bom

Mas saiu de cartaz

Vou me lembrar de nós dois

Como um sonho feliz

Que passou.”

O que eu poderia pensar? – foi uma loucura. Fiquei tentando entender, pensar no que dizer, mas não consegui dizer nada. E, quando fui com a L. levar o A.na rodoferroviária, fui a última a me despedir dele, e não consegui segurar as lágrimas, ao ouvir as palavras de ânimo e consolo ainda em seus lábios. Sim, foi um sonho feliz, que passou...

Hoje me arrependo do dia em que pedi ajuda para a T., me arrependo de ter ido a uma sessão com a psicóloga e, principalmente, por ter feito a besteira de confiar em meus colegas, contando-lhes os resultados disso.

Na segunda sessão, após uma dolorosa despedida do A, chorei, desabafei mais um pouco, e compartilhei o cansaço físico que venho sentindo. Nem pensei em comentar que sempre tenho ótimas noites de sono e que nem malária tira o meu apetite. Prá quê? Pois bem, a psicóloga comentou que é necessário eu procurar ajuda psiquiátrica e a possibilidade do uso de algum tipo de medicação.

Novamente fiz a besteira de comentar isso com o pessoal da missão, e só agora me dei conta da prisão na qual me enfiei. Depois de meses sem ler a Bíblia e sem meditar da Palavra de Deus, devendo um monte e sem um tostão na carteira, em pleno fim de curso e recém chegada à missão, de que jeito querem que eu fique? Tranquila, descansada? E ainda ouço o W. me dizendo que se eu negar o tratamento aí é que a diretoria vai dizer que tenho problemas mesmo. Ter pavio curto é doença? Penso que não. E para ser bem sincera, tem gente bem mais doida que eu neste lugar, que não mede atitudes nem palavras para prejudicar propositadamente os outros, isso sim é doença!

O que fazer, Pai? Como sair da situação que eu mesma me enfiei?

Como cumprir o que o Senhor determinou para mim, sem mais envergonhar o Teu Santo Nome? Por favor, Pai, glorifica o Teu nome em minha vida, não permita que eu permaneça longe de Ti, sem esperança e sem socorro.