terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Um mundo de possibilidades



Entrei para a primeira série com a professora ..., a quem reencontrei em 2004 num congresso da Universidade.



Me esforcei bastante para aprender a ler, e logo estava indo muito bem nos testes de leitura. Abria-se, para mim, um mundo de conhecimento sem fim. E, como disse Salomão: “E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.





O hipertireoidismo, após uma cirurgia no dia 02 de fevereiro, foi revertiddo para hipotireoidismo, o que iniciou um verdadeiro processo de engorda em mim. Por mais que eu emagreça, a tendência é engordar, e a dependência de remédios para o resto da vida foi e ainda é uma sombra sobre mim.



No hospital, lembro da roupa verde e dos sapatos engraçados de pano que eu tive de colocar antes de entrar na sala de cirurgia. O anestesista foi muito gentil comigo e aquela máscara não era tão ruim assim. A anestesia foi geral, mas meus pais falaram, muitos anos depois, que ouviram meus gritos de onde esles estavam, e que eu tive um hemorragia e meu pai precisou doar sangue para mim. Foi uma das coisas que mais me chamou a atenção, por me ligar mais ao meu pai, além da marca ao lado do umbigo, que tenho desde que nasci, igual à dele.



Apesar de tudo, tenho boas lembranças dos quatro dias que passei no hospital ‘Pequeno Príncipe’ em Curitiba. Havia um menino no mesmo quarto que eu para quem eu jogava os gibis que meus pais tinham me levado (eu não podia sair da cama no começo).



Minha irmã, quando foi me visitar, passou mal ao me ver, acho que por causa do mercúrio em meu pescoço. Depois que pude sair da cama, comecei a visitar as outras crianças e vi situações bem difíceis. Ainda lembro dos quartos, de alguns casos, mas são como vultos e não sei detalhar cada um deles.



Sei que eu tinha um ursinho com casaquinho que ficou comigo todo o tempo no hospital. Também sei que foi lá que perdi um de meus gibis preferidos da Turma da Mônica, em que a primeira história era a do Cebolinha que tropeçava em bolinhas de gude e destruía toda a cozinha da mãe – será que é algum tipo de indentificação com a minha “esperteza”?



Havia uma menina de uns três anos de idade que tinha um buraco na barriga, do qual escorria muito pus e isso me marcou bastante. Lembro que não podíamos dar bolacha para ela, que ficava a nos observar com vontade do que comíamos.



Num dos dias em que estive internada uma grande amiga de minha mãe foi me visitar, e fiquei super feliz que ela me trouxe um Yakult (por que meus pais não eram acostumados a nos comprar essas coisas), mas a alegria durou pouco pois, como eu ainda não me alimentava regularmente, vomitei logo em seguida. eu nem poderia imaginar o quanto vomitar se tornaria um hábito para mim.



Eu iria ficar cinco dias internada, mas parece que tive uma boa recuperação, e no quarto dia, quando eu estava sentada numa mesinha colorida tomando uma caneca de café, vi minha mãe entrando e abrindo um sorriso para mim. Ela iria me levar prá casa. Foi um ótimo momento, mas senti ter de me despedir de meus “amigos de hospital”.



Mais tarde precisei fazer outra cirurgia para a retirada das amígdalas, e junto aproveitaram para tirar uma carne esponjosa que eu tinha no nariz. Foi a melhor cirurgia que fiz, porque passei um único dia no hospital e só podia comer gelatina, yogurte e sorvete. A única coisa de que não gostei foi a anestesia, porque a injetaram em mim numa maca dentro do elevador, aquilo me deixou muito tonta mesmo antes de eu “apagar”.



Estudei em escolas públicas que eu considerava minha verdadeira casa, pois me recordo de detalhes de todos os anos que passei lá. Estava na segunda série, com a professora ...



Na escola comecei a me envolver com brincadeiras de chamar espíritos e a ensiná-las a outras crianças e, aos 8 anos, cheguei a "ler" cartas de tarô na hora do intervalo para meus colegas, que me emprestavam o baralho.





_________________________________________







Cf. Eclesiastes 12:12 – Bíblia Sagrada.

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Um mundo de possibilidades



Entrei para a primeira série com a professora ..., a quem reencontrei em 2004 num congresso da Universidade.



Me esforcei bastante para aprender a ler, e logo estava indo muito bem nos testes de leitura. Abria-se, para mim, um mundo de conhecimento sem fim. E, como disse Salomão: “E, demais disto, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.





O hipertireoidismo, após uma cirurgia no dia 02 de fevereiro, foi revertiddo para hipotireoidismo, o que iniciou um verdadeiro processo de engorda em mim. Por mais que eu emagreça, a tendência é engordar, e a dependência de remédios para o resto da vida foi e ainda é uma sombra sobre mim.



No hospital, lembro da roupa verde e dos sapatos engraçados de pano que eu tive de colocar antes de entrar na sala de cirurgia. O anestesista foi muito gentil comigo e aquela máscara não era tão ruim assim. A anestesia foi geral, mas meus pais falaram, muitos anos depois, que ouviram meus gritos de onde esles estavam, e que eu tive um hemorragia e meu pai precisou doar sangue para mim. Foi uma das coisas que mais me chamou a atenção, por me ligar mais ao meu pai, além da marca ao lado do umbigo, que tenho desde que nasci, igual à dele.



Apesar de tudo, tenho boas lembranças dos quatro dias que passei no hospital ‘Pequeno Príncipe’ em Curitiba. Havia um menino no mesmo quarto que eu para quem eu jogava os gibis que meus pais tinham me levado (eu não podia sair da cama no começo).



Minha irmã, quando foi me visitar, passou mal ao me ver, acho que por causa do mercúrio em meu pescoço. Depois que pude sair da cama, comecei a visitar as outras crianças e vi situações bem difíceis. Ainda lembro dos quartos, de alguns casos, mas são como vultos e não sei detalhar cada um deles.



Sei que eu tinha um ursinho com casaquinho que ficou comigo todo o tempo no hospital. Também sei que foi lá que perdi um de meus gibis preferidos da Turma da Mônica, em que a primeira história era a do Cebolinha que tropeçava em bolinhas de gude e destruía toda a cozinha da mãe – será que é algum tipo de indentificação com a minha “esperteza”?



Havia uma menina de uns três anos de idade que tinha um buraco na barriga, do qual escorria muito pus e isso me marcou bastante. Lembro que não podíamos dar bolacha para ela, que ficava a nos observar com vontade do que comíamos.



Num dos dias em que estive internada uma grande amiga de minha mãe foi me visitar, e fiquei super feliz que ela me trouxe um Yakult (por que meus pais não eram acostumados a nos comprar essas coisas), mas a alegria durou pouco pois, como eu ainda não me alimentava regularmente, vomitei logo em seguida. eu nem poderia imaginar o quanto vomitar se tornaria um hábito para mim.



Eu iria ficar cinco dias internada, mas parece que tive uma boa recuperação, e no quarto dia, quando eu estava sentada numa mesinha colorida tomando uma caneca de café, vi minha mãe entrando e abrindo um sorriso para mim. Ela iria me levar prá casa. Foi um ótimo momento, mas senti ter de me despedir de meus “amigos de hospital”.



Mais tarde precisei fazer outra cirurgia para a retirada das amígdalas, e junto aproveitaram para tirar uma carne esponjosa que eu tinha no nariz. Foi a melhor cirurgia que fiz, porque passei um único dia no hospital e só podia comer gelatina, yogurte e sorvete. A única coisa de que não gostei foi a anestesia, porque a injetaram em mim numa maca dentro do elevador, aquilo me deixou muito tonta mesmo antes de eu “apagar”.



Estudei em escolas públicas que eu considerava minha verdadeira casa, pois me recordo de detalhes de todos os anos que passei lá. Estava na segunda série, com a professora ...



Na escola comecei a me envolver com brincadeiras de chamar espíritos e a ensiná-las a outras crianças e, aos 8 anos, cheguei a "ler" cartas de tarô na hora do intervalo para meus colegas, que me emprestavam o baralho.





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Cf. Eclesiastes 12:12 – Bíblia Sagrada.